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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Revistas Femininas interessam a quem?

Não nego que às vezes me aborreço com as revistas ditas femininas. Para quem não entendeu são aquelas revistas que atendem a certo segmento da sociedade – as mulheres. Está claro que alguns homens também lêem – não conheço pessoalmente nenhum. Estas revistas que tratam de moda, maquiagem, estilo (!), compras, promoções, saúde da mulher, maternidade e muitos outros assuntos são muito vendidas e conhecidas. Poderia citar muitos nomes, mas este não é o espaço para propaganda das mesmas e não é preciso pois você que lê este texto sabe bem de quais estou falando.
Também não nego que já li nos consultórios das mais diversas especialidades médicas e vez ou outra em casa jogada em algum quarto das minhas meninas. Mas é uma leitura angustiante não é? Você encontra ali tudo que deveríamos fazer, como deveríamos ser, de que maneira nos vestir... E a sessão dos psicólogos, psicanalistas e psiquiatras? Uma tortura saber da vida de mulheres que vivem melhor que nós ou bem piores que a gente.
Ah, tem mais: as fotos! As imagens, paisagens e pessoas são um capítulo a parte desta breve introdução. São belas, com cores cuidadosamente pensadas para nos fazer comprar o sabão da página ao lado, ou consumir aquela tintura para cabelo que cobre todos os fios brancos. Aqueles que eu também desejo esconder.
Bom, mas pasmem, este tipo de revista não é um fenômeno da modernidade, da globalização, do neo liberalismo ou seja lá do que mais. Este tipo de revista existe no Brasil desde os tempos de D. Pedro II. Só um lembrete para localizar: D. Pedro II governou o Brasil entre os anos de 1840 a 1889. Pois é, no séc. XIX já tinha revista para o público feminino. Veja só o que tinha esta publicação: contribuição francesa dos irmãos Garnier inspirada em revistas parisienses como Conseiller des dames e Magasin des demoiselles.
Era chamada de Jornal das Famílias – já viu homem ler jornal com este nome? É para desconfiarmos não é mesmo? Pois então, na primeira página já dizia que era consagrado “aos interesses domésticos das famílias brasileiras”. Tinha seções parecidas com suas primas francesas: romances, fofocas, meditações, conselhos domésticos, gravuras de moda, obras de senhoras, etc. Imagine uma moça, mãe inexperiente ou senhora de mais idade abrindo uma vez por mês tal revista. As primeiras páginas continham um suplemento de modelos, pontos de bordado, pontos de crochê e de renda. Na parte literária era comum os romances, suspiros, triunfo do bem contra o mal e do amor, contanto que não fosse por interesse. Mas tinha também a seção Mosaico que tinha conselhos de beleza, economia doméstica, receitas de remédios, piadas e conselhos morais. A moda sempre ocupou mais páginas desta revista. Mas chama atenção que nada se destinava aos homens e cada peça de roupa de luxo era sugerida para as festas, bailes, casamentos e, portanto, destinado a uma clientela rica. Teve ainda outras nesta mesma época: Niterói (1836), Minerva (1843-1845), Marmota, Espelho, Estação e muitas outras.
Chamou-me atenção, após ler o livro “O Brasil no Tempo de D. Pedro II” de Frédéric Mauro – Companhia das Letras, São Paulo, 1991, a pouca criatividade das revistas do séc. XXI! Trazem as mesmas coisas para mulheres tão diferentes. DIFERENTES? Enquanto são mulheres não tô nem aí. Preocupo-me é com as meninas que crescem lendo este tipo de texto preconceituoso, manipulado e baseado em um conjunto de valores discutíveis e que não quero ver nem minhas filhas nem alunas baseando-se neles para tomar decisões, fazer escolhas e pautar suas idéias. Será que este tipo de revista é mesmo interessante para as mulheres? Ou para controlá-las e dominá-las? A quem interessa que mulheres consumam este tipo de literatura? Pense bem!

3 comentários:

  1. Tia "Fá", muito legal seu blog....
    O texto das "revistas femininas" é muito interessante..
    beijos, sucesso.

    Izadora

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